
O braço direito de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, compareceu na manhã desta quinta-feira (24) à oitiva da CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal. O depoente está preso desde maio pela fraude em informações inseridas nos cartões de vacina do ex-presidente, e é investigado por um suposto esquema de negociação ilegal de joias, a mando de Bolsonaro, e por trocas de mensagens de cunho golpista, identificadas em seu celular em perícia realizada pela Polícia Federal.
A convocação de Cid à CPI foi a pedido do deputado Fábio Felix. O bolsonarista recorreu ao direito de permanecer em silêncio e fez apenas uma fala inicial, que se resumiu a expor sua trajetória no Exército e a tentar desvincular sua imagem de Bolsonaro, alegando que a função de ajudante de ordem, “é a única de assessoria próxima ao presidente que não é de sua própria escolha, sendo responsabilidade das forças armadas selecionar e designar os militares que a desempenharão”.
Fábio Félix provocou o depoente citando o fato de ele estar fardado. “Isso nos preocupa porque há uma discussão na sociedade sobre qual é o papel das Forças Armadas e se o seu depoimento aqui hoje é um depoimento institucional ou se o senhor está aqui em sua defesa. Houve orientação do comando geral do exército para [você] utilizar a farda hoje aqui?”. A resposta de Mauro Cid foi a mesma para as perguntas feitas anteriormente: “permanecerei calado”.
Fábio relembrou que, semana passada, toda a alta cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal foi presa por omissão no dia 8 de janeiro e por mensagens de cunho golpista, identificadas nos celulares dos policiais que inclusive já haviam sido ouvidos pela CPI. “Agora nós precisamos saber qual foi o papel do Exército também. A imprensa levanta hipóteses de um papel parecido [das forças armadas] com a PMDF em relação à atuação nos atos golpistas”.
Em seguida o parlamentar leu uma troca de mensagens entre o Coronel Lawand e Cid em que ambos conspiram um golpe, com o objetivo da permanência de Bolsonaro na presidência para que não fosse preso, mesmo após a derrota nas urnas eletrônicas. “Eu quero dizer isso pro senhor olhando no olho, eu não acredito na tese de que o senhor era um cumpridor de ordens e um carimbador. O senhor era o braço direito, esquerdo e a sombra do ex-presidente Bolsonaro”, enfatizou o deputado.
Ao finalizar, Fábio Felix lamentou Cid não responder qualquer pergunta, mas afirmou que espera que ele ajude a justiça revelando os bastidores do Palácio da Alvorada e apontando como se deu a conspiração para um golpe de estado. “Vou dizer em alto e bom som o que precisa ser dito: é preciso também que se investigue rigorosamente a responsabilidade do exército brasileiro, porque uma instituição de estado não pode vacilar no serviço à Constituição brasileira”, concluiu