Fábio Felix cobra ação integrada do GDF no combate ao feminicídio

FOTO: ALÊ BASTOS/MANDATO FÁBIO FELIX 

Na manhã desta quarta-feira (21), o deputado distrital Fábio Felix (PSOL) concedeu entrevista à Rádio CBN Brasília para tratar da escalada dos casos de feminicídio no Distrito Federal. Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa e relator da CPI do Feminicídio, o parlamentar fez críticas ao argumento da Secretaria de Segurança Pública, que justificou a dificuldade de prevenção pela ausência de registros formais por parte das vítimas.

“Mais de 60% das mulheres que foram vítimas de feminicídio entre 2015 e 2025 já tinham sofrido violência anterior. Isso mostra que alguma porta de entrada do poder público tomou conhecimento dessas situações”, afirmou o deputado.

Felix destacou que não apenas as delegacias devem ser consideradas portas de entrada para casos de violência de gênero. Serviços públicos da saúde, assistência social e educação também são procurados por mulheres em situação de risco, muitas vezes antes mesmo de formalizarem denúncias à polícia. “Essas mulheres buscaram ajuda em algum momento, e mesmo assim não houve consequência nem encaminhamento concreto”, disse.

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O parlamentar apontou a falta de integração entre os diversos órgãos do GDF como um dos principais gargalos no enfrentamento à violência. Ele também denunciou a ausência de profissionais capacitados para o acolhimento adequado. “Você precisa fazer a contratação de profissionais da psicologia, do serviço social e de outras áreas que possam fazer o acolhimento com a devida formação profissional”, defendeu.

Outro ponto criticado por Felix foi a demora na concessão de benefícios sociais, como o auxílio-aluguel, que muitas vezes impede que a mulher consiga sair do ambiente de violência. “Não dá para um auxílio-aluguel demorar três meses para sair. Essas mulheres precisam sair de casa com urgência e o Estado precisa garantir essa condição.”

Ao falar sobre a atuação da Justiça e o monitoramento de medidas protetivas, o deputado elogiou o programa PROVID da Polícia Militar, mas alertou sobre a baixa capacidade de resposta. “O PROVID é um programa exitoso, mas tem um efetivo muito baixo. A medida protetiva é um papel, uma formalidade. É preciso que a mulher consiga acionar o poder público com urgência.”

Por fim, Fábio Felix reforçou que o enfrentamento ao feminicídio deve ser tratado como uma ação coletiva do governo, e não apenas das secretarias de segurança ou da mulher. “A gente precisa de mais integração e de um esforço concentrado do poder público. Não se trata de uma crítica a uma secretaria específica, mas de uma cobrança por ação coordenada contra um fenômeno que é complexo e estrutural.”

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