“Não é porque é mal organizado e seus idealizadores são incompetentes que não houve a tentativa de golpe” diz Fábio Felix em última sessão da CPI

“Não é porque é mal organizado e seus idealizadores são incompetentes que não houve a tentativa de golpe”, disse Fábio Felix (PSOL-DF) durante sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Atos Antidemocráticos que encerrou nesta quarta-feira (29), com a leitura do relatório apresentado pelo deputado Hermeto (MDB-DF), mas também contou com um relatório paralelo de autoria do parlamentar de oposição.

“O ator principal dessa CPI, que foi tratado com muita leveza pelo documento apresentado pelo relator, é Jair Messias Bolsonaro. Ele atacou sistematicamente as urnas e montou um gabinete dentro do Palácio do Planalto, isso segundo seu ex – ajudante de ordem (Mauro Cid),  para difundir informações falsas desqualificando o Supremo Tribunal (STF) e a Justiça eleitoral (TSE)”, pontuou Fábio e acrescentou que o ex-presidente tentou transformar a democracia brasileira em ‘uma bagunça completa’ chegando ao ápice com os atos de terrorismo e tentativa de golpe.

“Deputados e deputadas, tenham o mínimo de razoabilidade, o dia 12 de dezembro e 8 de janeiro são partes de uma escalada de violência estimulada, isso só acontece porque alguém difundiu e têm lideranças”, enfatizou o parlamentar.

Fábio Felix também ressaltou que Jair Bolsonaro tentou articular com as principais instituições brasileiras, uma delas as Forças Armadas. “Quem imaginaria a chancela do Exército Brasileiro para um acampamento praticamente tutelado pelo Comando Militar do Planalto? É lamentável que autoridades públicas tenham se prestado a esse papel. Aquilo lá não era manifestação social, se tratava de um pedido de golpe de estado e essa radicalização foi subindo o tom”.

O parlamentar afirmou, então, que o relatório apresentado por Hermeto não está a altura da CPI e que era preciso incluir os intelectuais, os financiadores, os membros do alto escalão das forças de segurança e do ex-governo, “e todos que pensaram o processo do golpe e deixaram aquilo acontecer da forma que aconteceu”.

Em respeito ao deputado relator, Fábio não leu o relatório paralelo, mas o protocolo e deu o seu voto em separado. “Espero que seja um registro histórico. Os meus princípios, os meus valores, aquilo que defendi ao longo deste ano tem a ver com a minha trajetória de vida, com a defesa da democracia que pra mim é fundamental, porque se o golpe tivesse sido consumado, muitos talvez ainda estivessem aqui, mas eu não. A tentativa de golpe era para silenciar vozes como a minha, então, a minha atuação, a minha força, a minha energia nessa Comissão Parlamentar é em luta para que nenhum golpista tenha anistia”, concluiu Fábio Felix.

Por: Manuela Correa