Em última oitiva, CPI interroga Coronel da PMDF

Nesta quinta-feira (16) foi realizada a última oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga os Atos Golpistas dos dias 12 de dezembro de 2022 e 8 de janeiro de 2023. O interrogado de hoje foi o Coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Reginaldo de Souza Leitão, que chefiava o Centro de Inteligência da corporação. O relatório final da CPI está previsto para ser entregue no dia 29 deste mês.

Membro titular e reconhecido pela imprensa como um dos parlamentares com a atuação mais incisiva na CPI, Fábio Felix deu início à fala apontando a alegação do inquirido, que afirmou não ter existido apagão no Centro de Inteligência da PMDF, no dia 8 de janeiro.

“Só que quando o governador Ibaneis é afastado e retorna às atividades, ele diz que houve esse apagão. Então, é importante ouvir outras perspectivas para a gente tentar desvendar o que de fato ocorreu. Outra coisa que eu queria pontuar é que não se deve idealizar a performance de nenhuma instituição, todos estão sujeitos a cometer equívocos e erros”, pontuou Fábio, que acrescentou que o objetivo da CPI não é demonizar a Polícia Militar do Distrito Federal, mas investigar e responsabilizar os indivíduos que falharam na segurança.

Fábio citou que o ex-presidente, Jair Bolsonaro, usou de seu cargo para partidarizar as polícias, o que é gravíssimo, tendo em vista que a Polícia é uma instituição de estado na qual a população confia para proteger a democracia.

Em seguida, o deputado perguntou como funciona o monitoramento da PM e porque existiram diferenças entre a segurança do evento do dia 7 de setembro em relação ao 8 de janeiro. O Coronel explicou que a competência de elaborar as análises de risco fica a cargo da subsecretaria de inteligência da PM, e que a função do centro de inteligência é apenas fornecer dados para alimentá-la.

Reginaldo também garantiu que o acampamento no QG do Exército foi amplamente monitorado, pois havia uma preocupação em relação ao “funcionamento da cidade”. Ele expôs que havia uma relação por parte da inteligência dos perfis mais radicalizados do local e se prontificou  a disponibilizar os nomes à CPI, após pedido de Fábio Felix.

O parlamentar questionou sobre o dia 12 de dezembro. “Delegacias, ônibus e carros foram depredados, mas não houve nenhuma prisão, por que?”. O Coronel se limitou a responder que essa não era atribuição do setor de inteligência, mas que foi feito monitoramento em tempo real do ocorrido e todos foram repassados à Polícia Federal.

Sobre o dia 8 de janeiro, o Coronel Reginaldo explicou que também havia monitoramento em tempo real e preciso do acampamento golpista, as mensagens eram compartilhadas em grupo no Whatsapp.

“Em que momento vocês perceberam que houve radicalização total?”, indagou Fábio e o Coronel disse que “apenas após o rompimento da barreira na Esplanada foi possível identificar o teor violento da manifestação”.

“Esse acampamento foi o embrião da atividade criminosa que aconteceu contra a democracia brasileira. Importante deixar claro, porque alguns parlamentes até hoje tentam impor a narrativa de que era um local pacífico onde as pessoas se reuniam para rezar”, finalizou Fábio Felix.