CPI dos Atos Golpistas interroga Coronel da Polícia Militar do DF

A CPI dos Atos Golpistas realizou mais uma oitiva na manhã desta quinta-feira (27). Cíntia Queiroz, Coronel da Polícia Militar e subsecretaria de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal foi inquirida no Plenário da CLDF.

Foto: Alexandre Bastos/Mandato Fábio Felix

Antes de iniciar os questionamentos, o deputado Fábio Felix contextualizou que a transição do governo passado para o governo eleito em outubro de 2022 foi bastante delicada. “Houve planejamento de golpe, conspiração, um presidente da república que sequer reconheceu o resultado das urnas, não foi uma transição tranquila. Então, eu levo em conta todos elementos importantes para a gente considerar no processo de avaliação dessa CPI”, ressaltou.

Em seguida, Fábio Felix questionou à Coronel Cíntia qual foi o primeiro Plano de Ação Integrada (PAI) recebido pela Secretaria de Segurança Pública referente ao acampamento do QG do Exército. “O comando militar do Planalto nos enviou ofício no dia 4 de novembro de 2022 solicitando livre circulação das vias e dos diversos pontos de acesso ao local. Recebemos na Secretaria também vários pedidos para carros de som adentrarem o Setor Militar Urbano, entrei em contato direto com o General Dutra e ele respondeu pra eu autorizar somente os que ele determinasse”, contou a subsecretaria.

A Coronel listou também uma série de datas em que houveram tentativas de desocupação da região do QG do Exército, mas foram todas desmobilizadas pelo comando militar do Planalto que transformava as operações em apenas de combate ao comércio ilegal no local. Ela acrescenta ainda que até algumas ações nesse sentido chegaram a não ocorrer por falta de apoio da Polícia do Exército ao DF Legal, que não temia entrar no acampamento sem segurança.

“É bom que fique esse registro claro para todos os parlamentares que estão ouvindo e para as pessoas que estão nos assistindo. O DF Legal não tinha condições de entrar porque tinha medo e já haviam sido hostilizados naquele acampamento que as pessoas falam que era extremamente pacífico, com pessoas orando o tempo todo. Então, falta senso de realidade em algumas pessoas porque é evidente o nível de violência. Quando a gente fala que o acampamento golpista foi a ante sala da tentativa violenta do golpe do 8 de janeiro, essas informações expostas agora corroboram isso”, enfatizou Fábio Felix.

Para finalizar, o parlamentar questionou sobre os Atos Terroristas do dia 12 de dezembro promovidos por bolsonaristas que espalharam terror na área central de Brasília. A Coronel Cíntia afirma que a PM prontamente se mobilizou mas foi para o endereço errado, e assim que chegou ao local correto o caos já estava instalado. “Não houve planejamento para essa ação, a intenção da polícia era evitar mais depredações”, justificou. Ainda assim, o deputado afirma que já participou de manifestações pacíficas em que mais de 80 pessoas foram presas apenas por obstruirem a via, e que continua não estando muito claro o porquê de ninguém ter sido preso no dia em questão.

A sessão da CPI de hoje também aprovou dois requerimentos de autoria do parlamentar Fábio Felix. O primeiro convoca novamente a delegada da Polícia Federal Marília Ferreira Alencar, que trabalhou no Ministério da Justiça com Anderson Torres e era Subsecretaria de Inteligência do Distrito Federal no dia dos Atos Golpistas deste ano. Ela é agora investigada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por possível participação na operação que tentou impedir o voto milhares de eleitores do nordeste no 2ºturno.

O outro requerimento aprovado nesta quinta solicita ao Ministério Público Militar a relação de procedimentos que apuram condutas dos policiais que estiveram no atos antidemocráticos dos dias 12 de dezembro de 2022 e 8 de janeiro de 2023, com a indicação nominal de cada um dos investigados.