CPI dos Atos Antidemocráticos ouve Major líder do acampamento golpista

Rinaldo Morelli / Agência CLDF

A CPI dos Atos Antidemocráticos ouviu, nesta quinta-feira (9), o major da Polícia Militar do DF, Cláudio Mendes dos Santos, apontado como um dos líderes  do acampamento golpista localizado em frente ao QG do Exército. O depoente está preso desde março deste ano.

O deputado Fábio Felix (PSOL-DF), membro titular da Comissão Parlamentar de Inquérito, questionou como o inquirido começou a se envolver com os movimentos bolsonaristas e o major respondeu que foi motivado por uma notícia sobre o fechamento das igrejas evangélicas com a mudança de governo. “Talvez seja fake, não sei, mas foi falado muito isso, que ia ter uma caça às bruxas com o povo evangélico”, justificou Cláudio Mendes.

“O Lula foi eleito em 2002 a primeira vez, quantas igrejas evangélicas ele fechou no governo dele?”, rebateu Fábio Felix e o major não soube dizermas alegou ter sido vítima de uma fake news.

Apesar de ser um dos líderes mais ativos, que  mobilizou a criação do acampamento e lá proferia discursos fervorosos convocando para golpe, Cláudio Mendes nega ser bolsonarista e afirmou que fazia apenas pregações. “O senhor não falava só de Cristo, o senhor também falava sobre não aceitar o resultado das urnas e radicalizar”, pontuou Fábio

Em seguida, o parlamentar questionou sobre como era a relação do Exército com os acampados, já que é proibido ocupar o local em que estavam. “Existe um decreto que proíbe acampamentos em qualquer lugar do DF, mas o Exército permitiu que vocês se alojassem lá”, ressaltou Fábio Felix.

O major respondeu que achou “estranho” terem permitido a permanência no QG, mas negou ter tido qualquer contato com o comando do Exército, apenas com os subalternos. “Eles orientavam onde podia estacionar, onde podia por barraca e onde não podia”, descreveu Claúdio.

“Aquela é uma das áreas em que não é permitido acampar, eu imagino que se tiver um acampamento do Movimento Sem Terra (MST) no QG do Exército rapidamente ele vai ser desmobilizado”, enfatizou o deputado.

Máfia do pix e táticas de guerrilha
O major negou ter recolhido pix dos bolsonaristas acampados e também disse nunca ter ensinado técnicas de guerrilha, apesar de vídeos e depoimentos mostrarem o contrário.

“Ficou muito evidente pela sua fala o papel que alguns líderes intelectuais tiveram nesse movimento, que não são aqueles que estavam no acampamento, que não é o senhor. O senhor disse uma frase: ‘como a gente podia prever que aquilo ia acontecer?’, a gente podia prever porque tinha gente incitando. O ex-presidente da república não reconheceu o resultado das eleições, incitou pessoas a radicalizar e acabou acontecendo o dia 12 de dezembro, a tentativa de bomba na semana do Natal no Distrito Federal e depois o dia 8 de janeiro. Então, era possível, sim, prever porque tinham lideranças políticas nesse país incitando aquele processo”, concluiu Fábio Felix.