CPI dos Atos Antidemocráticos inquire Major da PM preso por omissão

A Câmara Legislativa retomou os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Atos Antidemocráticos nesta quinta-feira (3), e inquiriu o Major da Polícia Militar do Distrito Federal, Flávio Silvestre. O depoente está preso por ter sido flagrado dando ordem de recuo enquanto golpistas tentavam invadir o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 8 de janeiro.

Membro titular da CPI, o deputado Fábio Felix (PSOL-DF) iniciou sua fala questionando sobre os critérios utilizados para avaliar o grau de gravidade das manifestações que ocorrem na Esplanada dos Ministérios. “De acordo com os Planos Operacionais, manifestações da União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Parada LGBTQIA+ possuem nível de gravidade maior do que a manifestação do dia 8. Existe, então, um erro grave na avaliação das condições daquele dia e na avaliação  do perfil dos manifestantes”, enfatizou o deputado.

Em seguida, Fábio pediu ao depoente que explicasse o fato dele ter sido nomeado como o Chefe do Comando na Praça dos Três Poderes, dia 8 de janeiro, sendo que não é procedimento padrão um Major ser escolhido para tal responsabilidade.

“Me causou estranheza eu ter sido escalado verbalmente, mas ficou claro pra mim que minha função não era ser comandante da operação, e sim somente distribuir o efetivo de policiais militares, até porque o comandante participa de reuniões e do planejamento, o que não foi o meu caso”, explicou o Flávio Silvestre.

Fábio apontou que tal fato só corrobora e deixa ainda mais nítida a negligência da PM no planejamento e na execução operacional da manifestação. “A nomeação do senhor é um gesto de distensionamento institucional, e falta de compreensão da envergadura e dos objetivos daquele protesto. A sua fala traz, para mim, que isso foi um erro grave”.

“É preciso hierarquizar as responsabilidades, a gente ouve muitas teorias e a maioria não se sustenta de pé. A teoria dos infiltrados, por exemplo, não apresentaram um infiltrado até agora. Eles vão lá visitar os infiltrados toda semana, mas se fossem mesmo, eram os petistas que deviam estar fazendo visita, e não os membros do PL, que toda semana pede autorização para ir à Papuda porque agora eles defendem direitos humanos”, acrescentou Fábio Felix.

“É só deixar invadir o Congresso”

O Major Flávio Silvestre é também o autor da mensagem, enviada em um grupo do Whatsapp chamado ‘Oficiais da PMDF’, que diz “na primeira manifestação, é só deixar invadir o Congresso. kkk”.

O inquirido não negou a autoria da mensagem, mas disse que foi “uma brincadeira” e que o grupo não era institucional oficial, era “um grupo lúdico”. Segundo Flávio, na ocasião os membros do grupo estavam discutindo sobre o Fundo Constitucional, e não sobre o resultado das eleições. Fábio questionou a defesa do major, alegando que diante do cenário de polarização e violência política que o Brasil atravessa, esse tipo de mensagem não é tolerável e precisa ser investigada.

A sessão da CPI dos Atos Antidemocráticos de hoje também aprovou, por unanimidade, o requerimento nº 167/2023, de autoria do deputado Fábio Félix (PSOL), que convoca o general Carlos José Assumpção Penteado, exonerado em janeiro de 2023 do cargo de secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) após os atos do dia 8 de janeiro.