O massacre de Paraisópolis e a juventude negra periférica

Neste último fim de semana a Polícia Militar de SP foi responsável pelo assassinato de nove jovens ao reprimir violentamente um baile funk em Paraisópolis, periferia da capital paulista. A repressão aos bailes funks não é uma novidade, mas o governador João Dória institucionalizou a perseguição com a institucionalização de operações policiais que visam impedir a realização desses eventos. Sob a desculpa de manter a ordem pública e intensificar a fracassada guerra às drogas, o governador tucano promove ataques truculentos e equivocados nos territórios periféricos.

Marcos Paulo, Dennys Guilherme, Denys Henrique, Gustavo Cruz, Gabriel Rogério, Bruno Gabriel, Eduardo Silva, Mateus dos Santos e Luara Victória. Esses são os nomes das e dos jovens que tiveram seus sonhos apagados e cuja mortes estão sendo investigadas como mero acidente, num inquérito que só traz a versão dos policiais envolvidos nesta cruel chacina. Alguém consegue imaginar a polícia invadindo as festas, os festivais e as raves da classe média alta, atirando e acabando com os projetos de vida de quem só queria mais uma noite para se divertir? Não podemos achar normal a repressão brutal à cultura da população negra e pobre brasileira. A mão do Estado não pode ser a mão da morte, deve ser a mão que leva às comunidades a política social de cultura, educação, saúde e assistência. Vivemos realidade similar aqui no Distrito Federal, onde os projetos sociais só são lembrados passam pelos cortes no orçamento.

É urgente defendermos a desmilitarização das policias para que os agentes de segurança tratem todas as pessoas como cidadãos e não como potenciais inimigos a serem exterminados. Há policiais sérios que trabalham com decência, mas a instituição Polícia Militar precisa ser reformulada. O massacre de Paraisópolis não pode ficar impune! Minha solidariedade à comunidade que foi vítima dessa gravíssima chacina e às famílias que perderam esses jovens. O governo de SP precisa ser denunciado e João Dória culpabilizado por mais essa ação truculenta das forças policiais. As vidas da juventude negra importam e temos que dar um basta a esses governos que exaltam a necropolítica e legitimam a violência e os assassinatos todos os dias.