Secretário de segurança é ouvido pela CPI do Feminicídio

Fábio Felix, relator da comissão, cobrou transparência nos dados e substituição de termos inadequados nos inquéritos, como “ciúme” e “surto psicótico”

O secretário de Segurança Anderson Torres foi sabatinado ontem, 25, pelos deputados que integram a CPI do Feminicídio. A oitiva aconteceu na Câmara Legislativa do DF e durou cerca de três horas. Primeiro a dirigir questionamentos ao gestor, o presidente da Comissão de Direitos Humanos e relator da Comissão Parlamentar de Inquérito, deputado Fábio Felix, fez sugestões e apresentou perguntas acerca da falta de transparência dos dados alusivos ao enfrentamento do feminicídio no DF.

O parlamentar do PSOL também sugeriu a substituição de termos como “ciúme” e “surto psicótico” nos inquéritos de investigação dos assassinatos de mulheres. “Essas nomenclaturas despolitizam a gravidade do feminicídio. É como se os homens matassem em nome da honra ou porque estão acometidos por enfermidade mental. Nada disso! Eles assassinam por causa do machismo, porque se sentem donos dos corpos das mulheres”, destacou o deputado Fábio Felix. O relator da CPI salientou, ainda, que “as defesas dos réus têm utilizado dessas lacunas que o próprio poder público deixa para diminuir o feminicídio, abrandar penas ou até mesmo serem absolvidos”.

O secretário Anderson Torres concordou com a inadequação dos termos e pediu que a Câmara Legislativa – por meio da CPI – faça uma provocação formal para a substituição das expressões que contribuem para a revitimização das mulheres. Também participaram da oitiva os deputados Arlete Sampaio, Cláudio Abrantes e Eduardo Pedrosa, integrantes da CPI do Feminicídio. A próxima sessão da CPI será na segunda-feira, 02 de dezembro, às 16h. Está prevista para a ocasião a oitiva de mais um gestor ou gestora do Governo do Distrito Federal.