O impacto do coronavírus na vida das pessoas negras
Como imaginávamos, o coronavírus começa a escancarar a absurda desigualdade racial brasileira. Assim como nos EUA, onde a maioria dos infectados e mortos são negros, cálculos feitos pelos jornalistas da Folha de São Paulo demonstram que, no Brasil, esse é também o público que proporcionalmente mais morre por conta da doença.
Enquanto 1 em 4 internados com covid-19 são negros, formando 23,1% do total, este mesmo grupo são 1 em cada 3 dos que morrem, chegando a 32,8% dos óbitos. Há uma diferença percentual de 10 pontos que traz o questionamento de porquê são os afrodescendentes quem morrem mais.
Além de esse número ser possivelmente maior, já que 1.056 das mortes não tiveram registro de cor ou raça, e não levando em conta também a possível subnotificação da doença, fica claro que a dificuldade ao acesso à saúde, a necessidade de continuar trabalhando para se manter em decorrência da natureza dos postos de trabalho, além das condições de moradia onde muitas vezes diversas pessoas dividem o mesmo espaço em locais com pouco ou nenhum saneamento básico formam um quadro onde se repete a subalternização e o preterimento de pessoas negras infelizmente corriqueiro no Brasil!