Não deixaremos Salles passar a boiada no DF

Quem no Distrito Federal nunca passou uma manhã pegando sol na Água Mineral? Quem não deu um pulo nas águas geladas de uma das duas piscinas – Areal e Pedreira – ou nunca admirou as lindas paisagens do cerrado nativo em uma de suas trilhas? O Parque Nacional de Brasília – a Água Mineral, como é conhecida pelos brasilienses – é um importante patrimônio cultural, paisagístico e ambiental do DF. Com uma área que abrange mais de 423 Km² que vai até o município Padre Bernardo (GO), se espraia sobre as Regiões Administrativas de Brasília, Sobradinho e Brazlândia.

Piscina Pedreira. Foto: Acervo ICMBio

O Parque Nacional cumpre um papel imprescindível na conservação e preservação da fauna e flora do Cerrado nativo bem como o equilíbrio ecológico e segurança hídrica em toda a região. A gestão do parque, feita de maneira primorosa pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio), garante a preservação dos Córregos Três Barras, Tortinho e Santa Maria. Sem esses afluentes preservados, teríamos crises de abastecimento de água ainda mais severas do que as que vivenciamos em 2017.

O parque é também atrativo de lazer. A população vê na Água Mineral uma opção economicamente acessível para diversão aos fins de semana e não deixa a desejar em relação aos clubes ao redor do Lago Paranoá, frequentados por quem pode pagar caro por uma associação, tudo isso sem prejudicar a função ambiental de preservação.

Bolsonaro e Salles, inimigos de primeira ordem do meio ambiente, querem passar a boiada também no Distrito Federal. O Governo Federal aproveita as dificuldades de mobilização geradas pela pandemia de Coronavírus para privatizar os serviços de apoio do parque. A ideia é dar para a iniciativa privada o controle das entradas, o estacionamento, lanchonetes e afins.

Dizemos não à privatização porque os interesses econômicos são incompatíveis com a manutenção das funções ambientais, culturais e paisagísticas do parque. Alguém duvida que será de interesse da iniciativa privada aumentar os valores de entrada do parque? A população continuará tendo a Água Mineral como uma opção de lazer acessível? Além disso, pela lógica de mercado, as empresas farão toda pressão possível para que seus negócios se tornem ainda mais rentáveis. O Parque Nacional de Brasília conviverá constantemente com pressão da iniciativa privada para aumentar desproporcionalmente o fluxo de pessoas, crescer com a área construída, aumentar os preços para a população.

Este é o mesmo governo que faz o desmonte das políticas ambientais. O Instituto Chico Mendes (ICMBio) tem feito um excelente trabalho nas unidades de conservação pelo país e sabe das constantes investidas que o ministro Salles faz cotidianamente para sabotar o trabalho de conservação, preservação, educação ambiental e pesquisa. Não há preservação ambiental que seja compatível com a lógica do lucro. Não coadunaremos com mais essa boiada que Salles quer deixar passar. Não à privatização do Parque Nacional de Brasília!