Deputado Distrital do PSOL atacou a tentativa do presidente Bolsonaro de associar educação sexual nas escolas à pedofilia; parlamentar também falou da execução de Marielle Franco e do autoexílio de Jean Wyllys

“Infelizmente, o Brasil não é um país seguro para a população LGBT. Em menos de um ano, tivemos a execução de Marielle Franco, vereadora negra e lésbica, e o autoexílio de Jean Wyllys, primeiro parlamentar da história do Brasil que teve orgulho de assumir sua orientação sexual”, declarou o deputado Distrital Fábio Felix, em discurso de abertura do 4º Encontro de Lideranças Políticas LGBTI das Américas, que acontece até 18 de maio em Bogotá, na Colômbia. Representantes de todo o continente participam da conferência anual para debater estratégias rumo à igualdade em seus países de origem.

Em 2017, mais de 350 líderes LGBTs de diversas nacionalidades compareceram ao evento. Este ano, o Brasil terá destaque na programação com o painel “Rainbow over the storm: retomando a democracia no Brasil”. O deputado do Distrito Federal participará da mesa de debates que acontece na noite de hoje (17), Dia Internacional Contra a LGBTIfobia. “Teremos um importante espaço para denunciar graves violações de direitos humanos no país. O mundo inteiro está preocupado com a crescente onda de violência e de intolerância contra a população LGBT no Brasil, tenho sido muito abordado por parlamentares e liderança de várias nações”, afirmou Fábio Felix, primeiro parlamentar assumidamente gay a ocupar uma cadeira no poder legislativo do DF. A viagem não contou com a utilização de recursos públicos.

Confira a íntegra do discurso:

O deputado, que também é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, ressaltou – no discurso em inglês – que a caçada aos direitos LGBTs se acirrou a partir de 2011, quando o presidente Jair Bolsonaro, então deputado Federal, coordenou a perseguição ao que nomeou de “kit gay”, “uma clara tentativa de espalhar informações falsas, associando educação sexual nas escolas à prática de pedofilia”, ressaltou Felix. “O objetivo do Ministério da Educação era desmistificar questões ligadas à homossexualidade e identidade de gênero. Tratava-se de importante avanço na promoção dos direitos e da cidadania LGBT, mas parlamentares da bancada evangélica conseguiram retirar o material didático de circulação”, destacou.

O parlamentar do PSOL também fez questão de registrar o que considera “ataque à diversidade no ambiente escolar”: o projeto Escola Sem Partido. “Trata-se de um movimento que acusa professores de disseminarem ideologia de esquerda, quando na verdade eles estão seguindo a Constituição Federal, que define a pluralidade de ideias e a promoção dos direitos humanos como pilares da educação”. Fábio Felix encerrou sua fala destacando que “a população LGBT não vai ser silenciada. Dezenas de LGBTs foram escolhidos para cargos eletivos. Ontem (15), milhares de estudantes brasileiros foram às ruas em protestos contra o governo. O projeto de Bolsonaro de acabar com a democracia brasileira está evidente para todos. As pessoas nas ruas mostram que a democracia brasileira foi conquistada – não dada – e não pode ser facilmente retirada”, finalizou.