Em 2021 teremos que lutar por esperança

A chegada de um ano novo sempre vem acompanhada da possibilidade de novidades. Seja do ponto de vista pessoal – como as clássicas promessas de mudança de hábitos e comportamentos – ou mesmo reflexões estruturais sobre a vida. No entanto, a virada para 2021 pode ter seus significados muito fragilizados já que nos encontramos na mesma crise sanitária e econômica de 2020 e ainda sem perspectivas de saída. A realidade é de agravamento.

Com a pandemia, o Governo federal adotou uma perspectiva negacionista, sem cuidar de prevenção, logística e faltando com iniciativas mínimas na Saúde e na Economia. Ao contrário, o governo gerenciou a crise da pior forma possível, jogando no time do vírus e das mortes. O Presidente demitiu dois Ministros da Saúde que ousaram seguir a ciência, vendeu um remédio milagroso que comprovadamente não tem resultados contra o vírus e buscou minar a ação política de gestores locais que tomavam medidas de contenção. O resultado tem sido dramático: o Brasil está mergulhado numa profunda crise sanitária e humanitária.

Se falarmos de economia a coisa fica ainda pior. Temos um governo incapaz de ter iniciativas básicas de cuidado com as pessoas e com os micro e pequenos negócios. A política de assistência social que poderia produzir uma grande operação de atendimento de demandas, garantia de benefícios e auxílios está totalmente precarizada. Se dependesse de Bolsonaro, o auxílio emergencial teria sido de 200 reais, graças a batalha política do Congresso Nacional alcançamos 600 reais, ainda insuficientes mas que foi capaz de garantir comida na mesa de dezenas de milhões de brasileiros. Nesta luta contamos com a combativa bancada do PSOL, que fez toda a diferença.

E o quadro não melhora. Mesmo com a chegada das vacinas em muitos países, o Governo federal mostra mais uma vez sua paralisia e irresponsabilidade. As autoridades brasileiras não fizeram o movimento necessário para iniciar a vacinação no Brasil com a rapidez que a crise e o povo demandam. Assim, demoraremos alguns meses para iniciar o processo de imunização e isso pode significar mais mortes, ampliação da crise na saúde e na economia.

Eu queria poder contar outra história aqui, mas é este o contexto em que estamos inseridos e as coisas não mudarão por osmose ou com a passividade da população. Alguns governadores tentam se movimentar para comprar vacinas, ou mesmo para seguir com medidas responsáveis em relação à Covid-19. Portanto a participação da sociedade será alicerce fundamental para mudar o rumo que essa história está nos levando.

No Distrito Federal, Ibaneis começou, em março, esboçando medidas razoáveis e baseadas em dados técnicos, mas sucumbiu e se tornou o ícone do bolsonarismo entre os governadores. Aquele que abre de forma irresponsável, não entregou o Hospital de campanha de Ceilândia, teve Secretário de Saúde preso ao longo do processo e decidiu aderir à narrativa negacionista. Bolsonaro chegou a se referir a ele como ”irmão”. Imaginem o significado disso: Ibaneis mesmo vindo de uma trajetória diferente de Bolsonaro acabou se tornando sua caricatura autoritária comandando a capital do país.

Iniciou seu governo ampliando um modelo sui generis de terceirização da saúde pública, aquele mesmo que ele condenou para se eleger. Instituiu o projeto de militarização das escolas públicas como prioridade pedagógica. Tratar adolescentes e jovens da periferia num modelo disciplinar militar, mas sem a qualidade dos colégios das corporações, o que só significa controle de seus corpos. O projeto já fracassou. Habituado em sua trajetória como advogado por negócios, tenta vender todas as empresas públicas da capital federal. Estas mesmas companhias que foram preservadas com tanta luta de população, gestores e trabalhadores. A venda da CEB representou uma manobra ilegal e antidemocrática que ignorou a devida deliberação do poder legislativo local. Essa briga ainda vai longe. Mas o governo não pára e segue no caminho de vender outras empresas estratégicas, mesmo sabendo que os resultados de experiências similares pelo Brasil são negativos. O governador que saiu de 1% nas pesquisas no período eleitoral, com o discurso que garantiria aumento aos servidores, se pronunciou inúmeras vezes contra privatizações e prometeu melhorar as condições de vida da cidade, se tornou um pesadelo para Brasília.

Neste contexto, só teremos uma alternativa em 2021ir em busca de esperança e organizar nossas promessas e compromissos num lugar, que é a luta coletiva. Não há saída que melhore a vida do povo, valorize as políticas públicas e uma atuação coerente para virarmos a página da pandemia, com Bolsonaro e Ibaneis. Isso significa que 2021 precisa ser o ano da movimentação política e social que tome as ruas desse país e da nossa cidade. É hora de radicalizar contra esses governos irresponsáveis que mentem e zombam do povo. A palavra de ordem em 2021 é fora Bolsonaro e Ibaneis!