Coronavírus escancara desigualdades na educação brasileira
Um dos primeiros setores a parar logo no início da chegada da epidemia de coronavírus no DF foi a educação. Escolas, faculdades, universidades, cursos técnicos, e outros tiveram suas atividades interrompidas por precaução, já que são locais em que naturalmente há constantes aglomerações de pessoas.
No início, acreditava-se que crianças e adolescentes não faziam parte do grupo de risco e que atuavam apenas como vetores de propagação da doença entre idosos, ao levarem o vírus das escolas para suas casas. Essa ideia ainda é predominante entre os defensores do afrouxamento do isolamento, que defendem que apenas os mais velhos sejam mantidos longe dos círculos sociais. Contudo, além dos espaços de aprendizagem serem locais de difícil controle e monitoramento, nas últimas duas semanas os especialistas emitiram um alerta para a existência de uma síndrome inflamatória em crianças e adolescentes associada à Covid-19.
Aqui no DF, Ibaneis foi a público, depois de se reunir com Bolsonaro, dizer que tinha a intenção de começar a abertura pelas escolas militarizadas, É estarrecedor que o governador do DF submeta a vida de estudantes da nossa cidade aos caprichos inconsequentes do presidente da República. Não podemos chegar ao ponto de decidir quais vidas valem mais ou menos nessa crise. A vontade de pais, mães e responsáveis só é levada em consideração quando está de acordo com o projeto autoritário do GDF?
A nível nacional, o desespero e indignação da maioria da juventude brasileira fez o INEP e o MEC oficializaram o adiamento do ENEM por livre e espontânea pressão. Foi uma grande vitória da luta de estudantes e derrota do governo Bolsonaro e seu sinistro da educação, Abraham Weintraub. Enquanto alunos de escolas particulares conseguiram se adaptar ao ensino à distância (EAD), estudantes de escolas públicas sofrem com a falta de acesso a equipamentos e estrutura adequadas para manterem a mesmo nível de aprendizado fora das escolas.
Dados apontam que estudantes que frequentam a escola pública, sobretudo os mais pobres e negros, tem muito mais dificuldades para ter acesso à internet. Isso quando alguns sequer têm condições de adquirir um aparelho celular, notebook ou computador. Mais de 70% das pessoas que realizaram o ENEM em 2018 e não tinham internet em casa, eram pessoas negras. O futuro de toda uma geração não pode ficar prejudicado por causa do pior ministro da Educação da história recente brasileira. É um absurdo que um ministro que não tem qualquer constrangimento em pedir a prisão de ministros do STF queira se aproveitar da pandemia para aprofundar ainda mais as desigualdades existentes na nossa educação.