Amanhecer por Marielle: 1.000 dias sem respostas

Hoje completam-se exatos mil dias do brutal assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes e nós ainda não sabemos quem mandou matá-los. Lembro de Marielle com muito afeto e carinho. Em especial o encontro que tivemos no final de 2017, três meses antes de sua partida, no Ocupa Política realizado em Belo Horizonte.

Fábio Felix e Marielle Franco no Ocupa Política, em Belo Horizonte, 2017

Tenho guardado detalhadamente em minha memória um diálogo que tive com ela naquela época. Eu me dirigi a ela e fiz um gracejo: “Que chique, nossa vereadora!”. Ela rapidamente me disse, com aquele sorriso cheio de energia: “Que chique você, que é o presidente do PSOL DF”. Também tive a oportunidade, um ano antes, de ter feito a campanha dela para o cargo de vereadora no Rio de Janeiro.

Marielle simboliza a representatividade que para muitos é apenas algo estético e secundário. Contudo, quando ocupamos os espaços com novas representações e novas identidades, levamos conosco novas ideias e conteúdos que antes eram silenciados pelo poder hegemônico.

Tenho muito orgulho de fazer parte de uma geração que ocupa a política com ativismo em defesa dos direitos humanos, que briga por mais representatividade nos espaços de poder e lugares institucionais, motivado, sobretudo, pelo legado de Marielle. Sendo o primeiro parlamentar abertamente gay da Câmara Legislativa do DF, seguirei lutando para superar os desafios diários e para honrar a história de Marielle. Mesmo que tentem criminalizar e deturpar o que são os direitos humanos, vou defender seu real significado em todos os espaços.

Como disse Henfil, se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente. E a semente de Marielle é uma semente poderosa e transformadora que se espalhará e florescerá para sempre em todas e todos nós.