Amanhecer por Marielle: 1.000 dias sem respostas
Hoje completam-se exatos mil dias do brutal assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes e nós ainda não sabemos quem mandou matá-los. Lembro de Marielle com muito afeto e carinho. Em especial o encontro que tivemos no final de 2017, três meses antes de sua partida, no Ocupa Política realizado em Belo Horizonte.
Tenho guardado detalhadamente em minha memória um diálogo que tive com ela naquela época. Eu me dirigi a ela e fiz um gracejo: “Que chique, nossa vereadora!”. Ela rapidamente me disse, com aquele sorriso cheio de energia: “Que chique você, que é o presidente do PSOL DF”. Também tive a oportunidade, um ano antes, de ter feito a campanha dela para o cargo de vereadora no Rio de Janeiro.
Marielle simboliza a representatividade que para muitos é apenas algo estético e secundário. Contudo, quando ocupamos os espaços com novas representações e novas identidades, levamos conosco novas ideias e conteúdos que antes eram silenciados pelo poder hegemônico.
Tenho muito orgulho de fazer parte de uma geração que ocupa a política com ativismo em defesa dos direitos humanos, que briga por mais representatividade nos espaços de poder e lugares institucionais, motivado, sobretudo, pelo legado de Marielle. Sendo o primeiro parlamentar abertamente gay da Câmara Legislativa do DF, seguirei lutando para superar os desafios diários e para honrar a história de Marielle. Mesmo que tentem criminalizar e deturpar o que são os direitos humanos, vou defender seu real significado em todos os espaços.
Como disse Henfil, se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente. E a semente de Marielle é uma semente poderosa e transformadora que se espalhará e florescerá para sempre em todas e todos nós.