A segurança pública não pode ser violenta
Nas últimas duas semanas, três episódios de uso excessivo de força e abordagem equivocada por parte de policiais militares chocaram a população de todo o DF. Duas delas resultaram em mortes. O governo do DF tem se esquivado de dar uma resposta contundente, enquanto o secretário de Segurança Pública vem a público auto-elogiar a atuação da pasta e classificar as recentes violações como casos pontuais.
O médico Luiz Augusto Rodrigues foi assassinado no fim de novembro durante abordagem policial na saída de um bar, na Asa Sul. Um casal foi covardemente humilhado, agredido e ameaçado por outro grupo de policiais após saírem de uma festa em Taguatinga na madrugada da última segunda, dia 9. E pra completar a sequência de violência, na noite da mesma segunda um PM matou o vizinho a tiros após uma discussão no prédio onde moram, em Águas Claras.
Em nenhuma situação é razoável e admissível agressão física, humilhação ou assassinatos arbitrários por parte de policiais. Obviamente, nem todos os policiais agem de tal maneira, e as condições de trabalhos da categoria são extremamente duras, mas os agentes das forças de segurança tem grande responsabilidade em mãos: a segurança e a vida das pessoas. Esses casos comprometem a instituição na medida em que as investigações não são transparentes ou seguem sem solução.
Por isso, defendo a criação de uma ouvidoria independente, na forma já prevista em lei, e que conte com a participação da sociedade civil para receber e dar visibilidade às denúncias de abuso e violência. Através dessas denúncias será possível elaborar levantamentos no âmbito do DF e cobrar as devidas investigações.
O desenvolvimento de um projeto de segurança pública que garanta a dignidade humana é um dos compromissos do nosso mandato. É preciso, urgentemente, atualizar democraticamente nosso atual modelo, garantindo os direitos civis e o respeito aos direitos humanos.