No último domingo, a youtuber Karol Eller foi vítima de uma brutal agressão lesbofóbica no Rio de Janeiro por estar acompanhada da sua namorada. Na semana passada, a ativista trans Verônica de Oliveira foi covardemente esfaqueada em Santa Maria, no RS. No final de outubro, o estudante Felipe Milanez teve que deixar o DF após levar mais de vinte golpes de faca em Brazlândia. Todos esses recentes episódios de violência motivados pelo preconceito contra a orientação sexual e identidade de gênero merecem nosso total repúdio.

Uma pessoa LGBTI morreu a cada 20 horas no Brasil no ano de 2018, somando um total de 420 vítimas fatais. A LGBTfobia é uma violência estrutural, que está impregnada nas estruturas da nossa sociedade há séculos, não podemos individualizar como casos pontuais de violência, devemos tratá-los de forma sistêmica. É preciso promover políticas públicas que envolvam todos os poderes públicos dos entes federativos. Quando um sujeito que defende que LGBTIs devem apanhar para deixarem de ser quem são, que diz preferir ter um filho morto a um filho gay é eleito chefe máximo do Estado brasileiro, essa situação de insegurança só tende a piorar, não poupando sequer quem é simpático a esses líderes LGBTfóbicos.

Na hora de externalizar seu ódio contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis e trans, o agressor não pergunta a origem da vítima, sua ideologia política, preferência partidária ou em quem votou para presidente da República. Embora esse tipo de violência se abata de forma mais recorrente entre LGBTIs pobres, negras e periféricas, sobretudo dentro travestis e trans, a LGBTfobia atinge diversos setores da sociedade.

Ao contrário daqueles que atacam nosso direito à existência sem violência e a nossa luta por respeito e igualdade, que dizem que LGBTfobia não existe, que é vítimismo e “mimimi” da esquerda, nós — que estamos há décadas nessa batalha para transformar a sociedade em um lugar melhor — seguiremos coerentes, denunciando e enfrentando toda forma de violência e discriminação. A nossa luta diz respeito às nossas próprias vidas e nossa existência. Não devemos e não podemos enxergar violações de direitos humanos contra a população LGBTI apenas quando convém, muito menos para fazer exploração política barata e eleitoreira.