Há momentos que mudam nossas vidas e deixam marcas dolorosas. Podemos afirmar que 14 de março de 2018 foi um desses momentos. A memória deste dia se transformou em uma pauta de luta nacional e internacional em defesa dos direitos humanos, um caso atípico que a jornalista Eliane Brum descreveu em um dos seus textos mais emblemáticos sobre o caso Marielle como a transição repentina entre dois “Brasis”.

O arrepio descrito por Brum foi, na realidade, uma leitura política. A mesma sentida por todas as pessoas que seguem sem respostas sobre esta bárbara execução política. O assassinato de uma vereadora combativa, que ajudou a denunciar a ligação entre a milícia e entidades do Estado, foi a primeira mostra do que viria a ser o encurralamento da lógica democrática.

Sugerir a criação da Praça Marielle Franco no Distrito Federal, no primeiro ano do nosso mandato, na metrópole que pulsa o coração da política nacional, foi um posicionamento fundamental na luta em defesa de defensoras e defensores de Direitos Humanos. Além de ecoar o pedido de justiça neste crime que possui um processo de investigação conturbado e que possui nítida relação com a “familícia” que hoje está no poder. Um gesto como esse não seria tolerado e não foi.

 O Governador vetou a proposta de nomear uma praça estruturalmente abandonada, que poderia fazer nascer no centro da cidade um novo espaço de lutas e de lazer. E o maior protesto que podemos fazer para tornar o projeto realidade é por meio da ocupação popular, e não simplesmente cruzar os braços diante da canetada arbitrária do governador.

Em breve completam dois anos de um caso sem respostas e de arquitetura obscura. Apesar de muitos movimentos contrários, o próximo dia 14 também será de luta. Vamos distribuir placas da praça e ressignificar este espaço.

Em tempos de ódio, nós escolhemos semear a mensagem de um projeto de sociedade justo e igualitário. E nestes casos, a ação coletiva é fundamental.

Ampliar a luta no DF

Ecoar o nome de Marielle nas mobilizações sociais é verbalizar pelo o que lutamos. Independentemente de onde seja, levar a presença de Marielle é um ato político fundamental para o cenário que vivemos e para o projeto de sociedade que queremos. A vaquinha online da inciativa de setores do PSOL está aberta para quem quiser e puder ajudar nesta grande mobilização.

Queremos justiça para Marielle e Anderson, respostas sobre quem foram os mandantes e as motivações deste crime. A luta de uma mulher negra, periférica e lésbica é a síntese que pulsa na população de um país com seios e anseios democráticos.